6 de fev. de 2010

Passaporte para UFMT

"Se gritar pega ladrão não fica um, meu irmão!" Canta o sambista. Em tempos nos quais escândalos se acumulam nos noticiários, essa parece ser a trilha sonora perfeita. Dia após dia, denúncias de fraudes e corrupção trazem à discussão, seja nas conversas de botequim ou nos debates filosóficos do meio acadêmico, conceitos como ética e honestidade, que se apresentam com significado cada vez mais amplo. Afinal, quem poderia definir o certo e o errado?
"A ocasião faz o ladrão!" Completa a sabedoria popular, o que justifica, em primeira instância, o nepostismo da família Sarney, o mensalão do DEM, a máfia das ambulâncias, os marajás e até o furto das provas do ENEM mais recentemente. Listar todos os casos em que muitos são prejudicados em favor do bem estar de poucos exigiria milhares de páginas e apenas uma reflexão: Por que um problema tão antigo continua se repetindo ao longo da história? Como o brasileiro reage a tanta bandalheira e maracutaia? Indignação ou apatia? Atitudes ou lamentações?
Uma reação em cadeia. Parece ser esta a resposta mais coerente, pois quando "furamos" a fila do açougue ou mentimos na declaração do imposto de renda e justificamos nosso comportamento com o velho clichê: "Os políticos roubam milhões!" Estamos ratificando o crime deles e nos tirando o direito de condená-los. Mas não se preocupem, não estamos todos perdidos, nem temos todos o caráter duvidoso. Isso ficou claro quando os estudantes tiraram Collor da presidência, o que ainda é muito pouco, mas aponta apenas uma forma de transformar essa realidade: educação.
Ao observarmos a história dos países desenvolvidos e os que apresentam menores índices de corrupção encontraremos um fator comum: investimentos pesados em educação. A formação de um povo crítico e questionador que não aceita manipulação e injustiça passa pelas mãos de professores bem pagos e preparados, pelas salas de aula de escolas bem estruturadas e equipadas e, principalmente, pelos sonhos de crianças bem alimentadas que acreditam num país mais justo.

24 de jan. de 2010

O Amor existe!

Já o encontro de vontades e, principalmente, necessidades é bem mais raro.
Estar com que se ama ou com que o ama não é ,exatamente, a melhor opção. Conforme você descobre quem é, entende que tipo de relações quer para si, de forma que:
- Alguém que se recusa a crescer ou não superou a adolescência precisa que outro envelheça em seu lugar. Morar eternamente com os pais, ou escolher uma "babá" para dividir o teto e chamar de "meu bem", são sintomas comuns desse tipo de pessoa.
- Os que gostam de espaço e liberdade e têm certeza de ter encontrado a "alma gêmea", preferem casas separadas. São os que entendem que companheirismo é diferente de dependência e anulação.
- A maioria segue o curso natural das coisas: estuda, casa, tem filhos. Aprenderam desde cedo o que "sociedade" quer dizer: conta conjunta, financiar apartamento e viajar para Disney.

Em todos os casos há amor. Nem todos eles são formas justas de amar. Quem disse que a vida era justa?

12 de abr. de 2009

Viva a internet. Viva!

A maior biblioteca virtual do mundo real entrará no ar em 21/04.

http://www.worlddigitallibrary.org/project/english/index.html

É coisa da UNESCO e terá obras em 7 idiomas.

Outra coisa legal é o blog do José Saramago. Tá pensando o quê? Nobel também escreve blog, como qualquer mortal.

http://blog.josesaramago.org/index.php

10 de abr. de 2009

Eu, sujeito da minha época.

Tema da 1ª do ano. Sem título, menos 1.

São 5h30 e o despertador me acordar como se escutasse tambores anunciando que o espetáculo vai começar. Sento na cama e, olhando para o lado, vejo as máscaras que há algum tempo desisti de usar. Vou encarar o dia de cara limpa.
No ônibus, a caminho da aula, sou espectadora. Observo os demais passageiros: silenciosos, reflexivos, sonolentos. Todos são anônimos e, apesar de destinos diferentes, tão iguais. Restam dois assentos livres, daqueles reservados para portadores de necessidades especiais, o trajeto é longo, mas não ocupo nenhum deles, não consigo.
Depois de um desembarque tumultuado, entro no cursinho onde o terceiro ato se passa com muita excitação. Assumo meu lugar na figuração e me misturo a milhares de jovens eufóricos e cintilantes. Há grupos que brilham mais e é esse o objetivo. Uns trazem câmeras fotográficas prontas para registrar sorrisos bem ensaiados que, em poucas horas, estarão estampados em alguma página virtual. Exprimem a necessidade comum de serem vistos e reconhecidos, afinal, ser ouvido e conhecer não valida a existência de ninguém.
O último sinal toca e todos partimos para continuar a cumprir nossa rotina e pressa cotidianas. A fome me leva a um shopping center, lá me transformo em crítica de dramartugia. Vejo atuações patéticas, outras dignas de premiação, mas nada além de uma sequência na busca pelo estrelato que notei pela manhã. O texto? Repleto de exclamações e significados estranhos para os verbos ter e ser. O clímax da apresentação.
De volta ao ônibus, indo para casa, o elenco se repete, agora porém com novas expressões que, quando estão presentes, refletem cansaço e apenas isso. Sou coadjuvante nesta cena, e novamente viajo em pé. Como terá sido o dia deles? Como terá sido o meu? Assunto para camarim.
Atrás das cortinas, no aconchego do meu refúgio, repasso o episódio como um filme em minha mente. Repenso, e acredito que foi mais uma tentativa de escrever e dirigir meu próprio roteiro, mas não chego a nenhuma conclusão qualitativa sobre minha participação: apática ou revolucionária? Já não importa, pois me deito sem ouvir os aplausos.

17 de jul. de 2008

Come back Heath, come back...

Deu a louca em Hollywood e estão tentando dizimar o elenco de Batman...
Tudo bem, não é pra tanto... é que eu adoro fazer drama.
Mas é fato, e não menos sofrível, que Heath Ledger nos deixou. Sim, bateu as botas ( que não eram de cimento, mesmo), escafedeu-se desse mundinho de meu Deus, foi comer capim pela raiz, está six feet under... buááá se foi.
Justo agora? Agora que ele fez o melhor personagem da carreira, o melhor coringa que o cinema já viu? Agora? Que completaria 29 anos com uma filhinha linda pra criar? Agora?
Por que ele queria tanto dormir?
Ah, Heath! Não consigo encontrar 10 coisas que eu odeie em você, mas essa de ter morrido já me irrita muito! Que você não tenha sido muito patriota nunca me incomodou, e ter feito aquela cena em '' A última ceia'', só mostrou que você tinha coração de cavaleiro. Deixou a Austrália de Ned bang Kelly bang para construir Casanova e vida nova lá nas terras de Tio Sam, fez tanto sucesso que O segredo que havia embaixo da Mountain de talento, ninguém descobriu. Candy Candy i can't let you go, nem você nem a doçura de um certo irmão Grimm que te fez rei em Dogtown e no mundo todo.
Agora, vê se desiste de levar o Morgan pra escuridão, ok? Sentimos sua falta. Saiba que o senhor, Sr. Heath, the Joker, é um fanfarrão!

16 de jul. de 2008

subject.

Este era pra ser um blog sobre realidade, onde a impessoalidade reinaria. Mas aí eu descobri...

que sou meu assunto predileto! Bléh, chato né? Também acho.

Bom, era só isso.

15 de jul. de 2008

Catolicalizando.

Palavrinha complicada essa do título, só não é mais difícil que digitar c o r r e i o s (ufa! consegui...), mas é exatamente isso, como se fose um verbo no gerúndio, que vejo algumas denominações protestantes e eu mesma. Estamos nos catolicalizando.
Não é de hoje que me sinto insatisfeita com a maneira como vivo o evangelho, ou o cristianismo. O protestantismo moderno que vemos por aí, prega a espiritualidade acima de tudo e de todos. Não, não prega isso, mas é isso que se vive. E assim, todos choram e se emocionam e emprestam canetas uns aos outros em nome de Jesus e... ficam lá, felizes em sua igrejas por terem sido salvos e agora é só adorar!
Eu estou no ''mundo'', e dói, porque está podre. Viver a era do materialismo é muito triste. Todos têm tudo, e não têm nada. Seguem depressivos, investindo em experiências auto-destrutivas, ocos. Enquanto isso... os super-crentes estão saltitantes nos templos sentindo o mover do espírito... onde? Como? Que imagem é essa? Santidade como algo chato, infantil, e impossível de alcançar? O lado homem de Cristo, ninguém mostra? Não acho que sorrisos estampados nos rostos 24h/dia reflitam sinceridade, muito menos a natureza humana de Jesus que foi 100% Deus e 100% homem.
Por falar em paradoxos e contradições, sabe quando me ocorreu o tal verbo ''catolicalizar''? Escutando Diante do Trono. Irônico, não? O grupo símbolo do chororô gospel que irrita qualquer cristão. A letra da música ''Corpo de Cristo" é muito boa (na imagem).
Católica é universal, certo? Universalizar o amor de Deus, o exemplo de Cristo, era pra ser assim, certo? Entender de outra maneira os versículos moto dos reformistas não é pecado, certo? ''Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie.'' Efésios 2: 8,9. Não acredito que Paulo tenha nos dito para cruzar os braços.
Estou feliz em me catolicalizar, e que estejam se catolicalizando por aí.

14 de jul. de 2008

A Parábola do Sofá.

Houve um tempo em que peregrinou Maria pela terra de Kumbaya. O Sol quase cegara seus olhos quando avistou ao longe, um sofá branco. O sofá era grande e confortável, design exclusivo, e seu peito se encheu de alegria ao saber o preço. Proseguiu pois, Maria, ao encontro de sua mãe, a fim de convencê-la a adquirir o belo sofá. Houve um embate inflamado, Maria lutou por ele, e venceu. No dia seguinte retornou à loja pra comprá-lo, e assim o fez. Alguns dias depois, o sofá foi entregue e tomou seu lugar na sala principal. Imponente, lindo. Em poucas horas, os animais da casa deixaram suas marcas no couro falso que o revestia. Em poucas semanas, o sofá não despertava encanto algum, a não ser é claro, nas visitas que o viam pela primeira vez. Maria tentou removê-lo mas era muito pesado, e o sofá ali permaneceu por muitos e muitos anos.
Atentem, ó filhos de Kumbaya! Assim como um sofá perde o glamour na decoração da casa, perdem as paixões o brilho nos corações dos jovens, porém, retirá-los de seus lugares pode ser tarefa árdua.

13 de jul. de 2008

El nudo en la garganta.

Não é fé. Não é esperança. É apenas a confirmação de algo que escuto com irritante freqüência : "Nossa, Cinthia, como você é ingênua!"Não contesto. Ingenuidade sim. Um calorzinho no peito, uma coisinha Polyana, vontade de influenciar. Já não é mais querer fazer parte, nem mesmo estar presente, é querer fazer bem, mostrar que há outros caminhos.
Ele quer ver? Não quer.
Ele está crente, sim, crente de que se basta. Acredita que as escolhas que faz são as melhores, já que não importa se estão corretas. E então, ele não vê. Não vê que está vazio, no fundo do poço e cavando. Não percebe que nunca está satisfeito, que joga pessoas fora (e nem estou falando de mim). Mas minha inocência me faz crer que neste exato momento ele está lá, deitado, refletindo sobre a mediocridade de seus atos.
Falso moralismo cristão! Dizem uns. Talvez. Mas, olhando pra ele, minhas conclusões são as mesmas que as do mais cético dos homens.
Tento ignorar, me ocupar, mas involuntariamente e mais fortes que na vez anterior, meus pensamentos se inundam de imagens, sons e cheiros que remetem a ele. Imagino o que ele sentiu quando arrancou com o carro depois que aquele ser desembarcou. Antes até, o que o levou a sair com eles? Por que ele permitiu ''provas'' do que fez? Se questionado sobre, certamente soltaria um de seus discursinhos modernosos - liberdade isso, curiosidade aquilo - evocaria uma superioridade que ele acredita ter. "Qual é o problema?"
Ele não sabe, mas eu sei que foi aquela velha sede. Uma sede que não sacia. E eu, aqui, sonhando com o dia em que direi que não precisa de nada disso pra ser transgressor, subversivo ou inteligente. E por pensar assim é que vou dormir com várias vozes repentindo na minha cabeça: "Nossa, Cinthia, como você é ingênua!"

12 de jul. de 2008

Freud não precisa explicar nada.

Salvo alguns esquecidos, foram:

1984: Casa no Jd São Vicente, São Paulo - SP
1986: Casa na Cidade Nova, São Paulo - SP
1996: Casa no Parque Cuiabá, Cuiabá - MT
1997: Apto Minas do Cuiabá, Cuiabá - MT
1997: Vila Tupi, Praia Grande - SP
1998: Casa CPA II, Cuiabá - MT
1998: Apto Del Rey, Cuiabá - MT
1999: Casa Cidade Alta, Cuiabá - MT
2000: Apto Minas do Cuiabá , Cuiabá - MT
2000: Casa Cidade Alta, Cuiabá - MT
2000: Apto Baú, Cuiabá - MT
2001: Apto Goiabeiras, Cuiabá - MT
2002: Apto Mandú, São Paulo - SP
2004: Apto Mooca, São Paulo - SP
2006: Apto Pta da Praia, Santos - SP
2008: Apto Centro, Cuiabá - MT

16 mudanças para 14 endereços.

1985: Trenzinho não sei o quê
1986: CCI
1987: Pingo de Mel
1990: Dottori Jr.
1991: Dottori
1991: Dom Pedro I
1993: Cronista Rubem Braga
1993: Dom Pedro I
1994: Dottori
1995: Objetivo
1996: Padre Anchieta
1997: Objetivo Cuiabá
1997: Escola Dinâmica
1997: Objetivo Cuiabá
1997: Magali Alonso, Praia Grande
1998: Aptus, Cuiabá
1998: Afirmativo
1998: Cinderela
1998: Ativo
1998: Novo Atheneu
1999: Palmares
1999: Liceu Cuiabano
1999: Notre Dame
2000: Médici
2000: CIN
2001: Equipe
2001: CIN
2001: Farina
2002: Master
2003: Mackenzie, São Paulo
2007: Anglo, Santos
2007: Objetivo, Santos
2008: CIN, Cuiabá


33 transferências para 26 instituições de ensino.

2003: Universitário Vestibulares, São Paulo
2003: Prefeitura de Mogi das Cruzes
2004: Dedic
2004: Associação Comercial de São Paulo
2004: Rayes, Fagundes
2004:Penteado, Mendonça
2004: Villa Real
2005: Roxos e Doentes
2005: Newman, Salusse, Marangoni
2005: TIM
2005: BASF
2005: Não lembro o nome
2006: Paschoal Dantas
2006: Novo Mundo
2006: Farmatec
2006: Santa Marcelina
2006: Alguma empresa na Boa Vista
2006: Uma empresa na Mooca
2007: Prefeitura de Santos
2007: Zoologico de São Paulo
2008: Cedame
2008: Leila Maluf
2008: Pantanal Shopping

23 atividades profissionais em 5 anos.

O lado bom? Nada realmente importa muito.

Em cima do muro

É bem mais fácil... será?
''Quem é fiel no mínimo, também é fiel no muito; quem é injusto no mínimo, também é injusto no muito.
Pois, se nas riquezas injustas não fostes fiéis, quem vos confiará as verdadeiras?
E, se no alheio não fostes fiéis, quem vos dará o que é vosso?
Nenhum servo pode servir dois senhores; porque, ou há de odiar um e amar o outro, ou se há de chegar a um e desprezar o outro.''
Lucas 16:10-13

7 de jul. de 2008

Aternativa feio

Quem sou eu pra dizer o que é belo? Ninguém, verdade.
Quantas pessoas consideradas bonitas por quase todos, optam pelo caminho do ''alternativo''? Sabe, alternativos... aquelas pessoas que fazem estilinho tô-nem-aí, que são ''profundas''... identificou? Céus! Freqüentam os 'coletivos' e os 'espaços' da vida, jogam RPG aos 30, e essas coisas. Pra não mencionar o típico estudante de faculdade pública (exceto medicina, direito e engenharia) . Não tiveram escolha! Ou se firmavam nisso, ou viveriam eternamente marginalizados pelo esteticamente agradável. Não que fossem realmente discriminados, mas algum dia no passado, o infeliz sentiu-se preterido em determinada situação e decidiu criar o mundo dele, onde ele é o máximo, super cool... aham, como se isso resolvesse o problema! Só mascara. E não me venham com xurumelas! Não é culpa da TV que estereotipa tudo e molda a personalidade da massa e bla bla bla. É vontade de ser protagonista, ego ferido, sei lá. Tudo isso vale para pobres também, não ter dinheiro é realmente cruel, aí o indivíduo quer provar pra não sei quem além dele mesmo, que ele pode viver muito bem sem grana, ser muito feliz e ser o cara. Lá no mundo dele pode mesmo. É tão difícil aceitar as coisas como elas são!
Claro que você encontra gente bonita e financeiramente favorecida no lado B, principalmente menininhas bancando a lésbica-feminista-guitarrista-vegetariana-vejo-problema-em-tudo, mas aí é culpa da mãe delas e Freud explica.
Seria tão legal se ser alternativo não fosse alternativa, e sim o destino natural dos que realmente se identificam com esse ou aquele som e literatura, com aquela bermuda ou saia, e que o pessoal lado A também fosse lado A por vocação e não por pressão.
É, seria.

5 de jul. de 2008

sem-salão

Nas revistas, nas vitrines, e onde você olhar, sempre tem alguém te dizendo o que usar. Seja também. Seja pro seu bem.
Cada vez mais iguais, nada a menos, nada a mais, frios demais.
O diferente é orgulhoso. O ridículo é estiloso. O magro é vaidoso.
E eu? Eu sou teimoso.
E aprendi a admirar pessoas que... pessoas que cortam seus próprios cabelos.
Espelhos, flashes, lentes, é tão fácil se amar,escuta alguém te dizendo o que mudar.
Sem querer. Sem sentir-se bem.Sempre tão cordiais, amam menos, vendem mais, mentem demais.
Original é ser tosco. O cool dá até desgosto. O pobre é pele e osso.
E eu? Eu sou carne de pescoço.
E aprendi a admirar pessoas que... pessoas que cortam seus próprios cabelos.

10 de abr. de 2007

Não faz mais sentido, graças a Deus.

Escrito originalmente em inglês (coisas de cabecinha ociosa).

o mundo me quer
minha mãe me quer
e eu me quero
mesmo sem ter certeza
se as coisas que eu faço
são para mim ou para você
carreira, futuro, profissão, um nome
tantas tentativas de me encaixar
aos poucos eu parei de sonhar
e me tornei uma velha de 18 anos

trancada em meu apartamento
sem café da manhã
almoço com a tv
comida congelada para o jantar
tão sozinha
meus amigos são emails
finais de semana são segundas-feiras
as estações são as mesmas
aos poucos eu parei de festejar
e me tornei uma velha de 19 anos

deixei meus planos de viajar para trás
agora espero a sorte
de me casar algum dia
mas eu não compro nenhuma lingerie
e não quero ir à academia
mais alguma coisa?
talvez uma vela a algum santo
o milagre virá?
aos poucos eu parei de acreditar
e me tornei uma velha de 20 anos

não há nada pelo que chorar
nenhum bom motivo
eu não penso, não falo
não canto, eu não danço
eu nem mesmo sei se eu sou
tanto faz ganhar ou perder
sem identidade
eu não consigo respirar agora
e eu paro de existir
para, aos 21 anos de idade ser
uma triste história

1 de jan. de 2007

19

durante uma aula de dip...

Intervenção
dos estados,
dos pais,
dos amigos.
interverncionismo,
intromissão,
interrupção.
de planos,
de idéias,
de sonhos.
decepção deles,
frustação minha,
infelicidade de todos.
me prende,
me limita,
me mata.
quero a soberania,
a autonomia,
a independência.
meus equívocos,
meus tropeços,
meus erros.
minhas horas,
minha vida,
meus direitos.